Este espaço foi criado para relatar um pouco da minha vivência em Assunção no Paraguai, auxiliar outras famílias brasileiras que por ventura venham a se mudar para cá e sobretudo, para trocar experiência com outros expatriados.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Dicas para quem quer dicas...

Estudar

O Paraguai é um dos países da América do Sul mais procurados pelos brasileiros que querem cursar uma Universidade com preços moderados e sem enfrentar os difíceis e concorridos vestibulares brasileiros, principalmente na carreira de medicina. E para ser franca isso é tudo que sei sobre esse assunto.

Em matéria de estudos, as minhas dicas irão principalmente para as famílias com filhos pequenos, afinal esse é meu caso e quero me ater à minha experiência pessoal aqui.

Fiquei muito bem impressionada com a qualidade das escolas particulares daqui e acredito que devam existir algumas boas públicas também . Pode-se dizer que todas são bilíngues, já que aqui se aprende também o Guarani em todas as escolas, mas vou usar esse termo somente para aquelas que alfabetizam os alunos em inglês, alemão,  francês, etc. Muitas escolas iniciam a pré-escola a partir dos 4 anos. algumas poucas a partir de 2 anos. E conseguir uma vaga é muito difícil, principalmente nos colégios mais tradicionais.
Para simplificar eu vou dividir os tipos de colégios particulares em três categorias, os Colégios super tradicionais não bilíngues, os Colégios tradicionais bilíngues e os Colégios menores que chamaremos de não tradicionais (variam quanto a serem ou não bilíngues). 
Os Colégios tradicionais são quase todos católicos, dirigidos por padres ou freiras, alguns são super rigorosos com relação a tudo (de uniforme ao ensino religioso), outros são apenas rigorosos. Não são bilíngues, as aulas são ministradas em espanhol e na maioria os alunos estudam de uma a três horas por dia a língua inglesa. A mensalidade é um pouco menor que a das escolas bilíngues e é difícil conseguir vagas. São exemplos os colégios Cristo Rey, San José, Las Teresas, Santa Clara, Inter e Las Almenas e Campo Alto, sendo que esses dois últimos são a mesma escola mas as meninas ficam separadas dos meninos em prédios diferentes com nomes diferentes.
Os colégios bilíngues são os que possuem uma didática mais moderna e entre os melhores estão:
ASA, Goet (Alemão), SIL, San Andreas, Lumen, Santa Ana (St. Anne), Panamericano, SEK. Neles as aulas são dadas em inglês (ou outro idioma) e há de uma há três horas de aula em espanhol diariamente. O colégios mais famoso e mais caro é o ASA American School os Asuncion, mas os outros são excelentes.
Os colégios não tradicionais são menores, menos conhecidos, mas também são muito bons e alguns também adotam o ensino bilíngue. Entre eles o Los Laureles, o Colégio del Sol e o Grace. 

Como já disse, conseguir vaga em um colégio não é muito fácil não. Para crianças na pré-escola, é necessário fazer uma avaliação psicomotora. A partir da primaria exigem uma avaliação escrita. A maioria dos colégios cobram uma taxa de ingresso, além da matrícula. E os valores das mensalidades variam muito, mas em média paga-se R$800,00 para uma criança na pré-escola de um colégio bilíngue. O tempo de permanência na escola normalmente é das 7:30 ás 15:00 horas, mas algumas pré-escolas são apenas até as 12:00 horas.

E minha ultima dica é sobre o estudo da língua espanhola. Para quem busca aprender ou aperfeiçoar o idioma, indico uma escola de idiomas chamada El Políglota, cuja dona é uma brasileira radicada aqui há muitos anos. A escola oferece cursos em turma ou particulares, para adultos e crianças. Também oferece curso para obter certificado em proficiência em espanhol.  

El Políglota: Telefones 981 495661 ou (21) 623648
Endereço: Camilo Recalde 423 casi Campos Cervera














  • sábado, 8 de agosto de 2015

    Dicas para quem quer Dicas!

     Morar

    Assunção é uma cidade de topografia bem plana. Os bairro mais antigos, que inclui o centro histórico, ficam as margens do rio Paraguay. Ali encontramos alguns prédios antigos de altura mediana, misturados a construções antigas de dois andares, hoje uma região mais comercial.
    Os bairros que foram surgindo a leste dessa região já mudam totalmente de aparência física, viram uma grande miscelânea, com casas pequenas e simples misturadas a casarões enormes e imponentes, antigos e modernos, comércios, residências escolas, clinicas, tudo junto e misturado. Bairros super nobres, com algumas casinhas humildes perdidas no meio. Regiões de bares, restaurantes e boutiques caras e elegantes que brotam entre bairros residenciais. Visualmente uma misturas de modernidade, abandono, riqueza e simplicidade. Uma típica capital sul-americana.
    Com a onda de modernização dos últimos 5 anos, surgiram também vários edifícios residenciais, igualmente modernos onde antes só se viam casas. Mas o estilo de moradia predileto do asunceno (e é assim mesmo que se escreve) são as casas. Casas grandes, espaçosas, com quintal, varanda churrasqueira e piscina. Condomínio residencial são pouquíssimos, principalmente dentro da cidade. O conceito de condomínio aqui ainda não é muito popular. "As pessoas gostam de ter privacidade e espaço de lazer próprio", frase que ouvi de uma paraguaia. Mas devido ao aumento dos assaltos e violências esse conceito também vem mudando!
    E falando em segurança...há quem diga que é super seguro e tranquilo morar em uma casa (que não seja em condomínio). A grande maioria delas contam com câmeras, alarmes, guarita de guarda na esquina (contratado pela vizinhança) e por aí vai. E é justamente esse excesso de segurança privada contratada que me deixa tão insegura em relação a viver em uma casa em Assunção. Mas talvez eu seja apenas paranoica!

    Vamos as dicas:

    você pode encontrar informações sobre aluguel de imóveis buscando por DOY EN ALQUILER, no site de classificados a seguir:

    http://clasipar.paraguay.com/zona/asunci_n_212/categoria/inmuebles_alquiler_2.html

    tenha em mente que as regiões da cidade tidas como nobres, ou bem localizadas são entre elas:
    Villa Mora
    Recoleta
    Ycua sati
    Carmelitas
    Los Laureles
    Mariscal Lopez
    Mburucuya

    Regiões que não fazem parte da cidade de Assunção (embora estejam grudadas em) e que por isso são mais baratas (mas tb bem mais longe e com muito transito para ir e vir):
    Luque
    Fernando de La Mora
    Mariano Roque Alonzo
    Lambaré



    sábado, 13 de junho de 2015

    A primeira vista

    Meu marido se inscreveu para a vaga em Assunção e dois meses depois já estava aprovado e assim começou nosso processo de mudança. Não tivemos tempo nem mesmo de conhecer a cidade para saber se realmente deveríamos mudar.

     Minha primeira visita à Assunção foi uma semana após meu marido ter iniciado seu novo trabalho. Vim com meus filhos para uma viagem de reconhecimento, de busca de casas e também de visitas a algumas escolas.

    Para minimizar o impacto, reduzi ao máximo minhas expectativas, mentalizei que estava indo para um lugar no meio do nada e sem muito a oferecer e a medida que o avião foi baixando e sobrevoando um mar de verde, que mais se assemelha a uma selva que a uma cidade minha única pergunta era:      " Onde eu vim parar?"

    Cheguei num domingo de outubro, estava calor, mas não o calor que faz no verão. A primeira impressão é que eu realmente estava em uma cidade do interior paulista, não Ribeirão, Líns ou Penápolis talvez... só que dos anos 80. Lembra daqueles semáforos antigos de postes amarelos e luzes tão fracas que não se sabe bem se está verde, amarelo ou vermelho? Então, os daqui são assim, ou melhor, eram, pois esse ano um dos avanços estrutural da cidade foi esse, a troca de vários semáforos e também a implantação de algumas câmeras de trânsito, mas essa é outra história. No entanto, logo no primeiro grande cruzamento da cidade, assim que o semáforo fechou apareceram os limpadores de para-brisas e pedintes e vendedores ambulantes tão comuns das nossas grandes cidades e capitais. É parece que a cidadezinha de interior tem seu Q de grande metrópole afinal!

    Como era domingo, as ruas estavam super tranquilas. Almoçamos em um bom restaurante, que posteriormente vim a descobrir que é um dos mais sofisticados. Nos hospedamos em um ótimo hotel. Conhecemos um dos poucos e pequenos shoppings da cidade e no final do dia acabamos em um Mc Donald, há pedido das crianças.

    Segunda foi o dia de iniciar a busca por casas e escolas e também de conhecer o verdadeiro ritmo da cidade. Logo me chamou a atenção a grande quantidade de pessoas à negócios que estava hospedada em nosso hotel. O dia seguiu me surpreendendo com ruas com transito intenso e motoristas que dirigem como se regras e sinalizações não existissem, e pra dizer a verdade não existem. Bairros de casas muito grandes e muitas bonitas. Pouquíssimos edifícios de moradias prontos, mas vários novos sendo construídos. Muita coisa antiga, mas muita coisa nova e moderna também. Bairros comerciais com belas boutiques, cafés, lojas de decorações, barzinhos, restaurantes, etc. Mas tudo isso em ruas mal tratadas, em sua maioria de pedras, no entanto muitíssimo arborizadas.  No  final do dia, a impressão que eu tinha é que estava em uma cidade em plena subida para o ápice do desenvolvimento e modernização, mas que assim como muitas outras sofreria e pagaria num futuro breve pela falta de investimento em infraestrutura. Uma cidade de padrão médio e alto, de pessoas que levam uma vida profissional e social agitadas...

    ...mas espera aí, cadê toda aquela gente dos semáforos, cadê os prédios velhos e históricos? Nos dias que se seguiram entendi que existe um lado antigo de Assunção, que fica bem próximo ao rio, e onde se encontra uma das "favelas" da cidade e um lado mais novo, de bairros residenciais e comerciais. . Descobri também que a maior parte da população que é de baixa renda, vive nas cidades periféricas de Assunção e não na cidade de Assunção.

    No geral, fiquei com uma boa impressão da capital do Paraguai e fui embora muito mais tranquila e animada para dar continuidade à minha mudança.

    quarta-feira, 3 de junho de 2015

    E agora Dilma???

    A minha ideia inicial era descrever minha mudança para o Paraguai por ordem cronológica dos acontecimentos, mas ultimamente, a medida que a crise econômica se agrava no Brasil e que a nossa indigníssima presidente vai anunciando suas medidas descabidas, vão chegando em minha caixa de e-mail mensagens de brasileiros, muitos deles desesperados, cheios de dúvidas e de esperança de que o Paraguai seja seu destino de fuga, a solução.

    Se vocês soubessem a quantidade de pessoas interessadas em mudar para o Paraguai, para Assunção. São tantos os e-mails, e com tantas perguntas distintas que, mesmo se eu soubesse todas as respostas e tivesse o dia todo livre, seria impossível responder a todos. Portanto esse post é para responder aqueles a quem não consegui responder!

    Infelizmente na minha opinião, para muitos dos que me escrevem: NÃO! O PARAÍZO NÃO É AQUI! As pessoas tem uma falsa ideia de que aqui vão conseguir se estabelecer, arrumar emprego, pagar pouco por estudo, etc. Mas não é bem assim. Uma coisa é se mudar para o Paraguai porque foi transferido, ou porque surgiu uma vaga em uma boa empresa ou até mesmo porque a pessoa tem capital e quer investir em algo, montar um negócio por aqui. E nesse caso exija de seu empregador que lhe dê todo o respaldo para se repatriar, pois pode até ser muito fácil entrar no Paraguai, já que não é preciso visto, mas se legalizar aqui!
    Primeiro que a burocracia aqui é ainda mais lenta e mais arcaica que no Brasil. Pra se ter uma ideia, estou aqui a quase 6 meses e até hoje não ficou pronta minha documentação, e detalhe, conto com uma empresa que está sendo paga só para cuidar da papelada. E esse é um dos motivos também pelo qual não sei responder o que é necessário para se legalizar aqui, só sei que até exame médico e analise sanguínea nos pedem.

    Segundo, e o mais importante de todos os fatores: PAGA-SE MUITO MAL POR SERVIÇOS AQUI!
    Empregadas, babas, jardineiros, pedreiros, mecânicos e qualquer outro profissional que preste serviço para pessoas físicas, trabalham na informalidade por um salário de miséria. Isso mesmo, assim como acontece em TODOS os países da AMERICA LATINA, aqui também se tem muita miséria. Não há um semáforo que não tenham pessoas pedindo, lavadores de para-brisas, vendedores de frutas, de burjigangas mil. Há que se entender que Assunção é uma capital onde vivem sim muita gente de alto poder aquisitivo, uma cidade em pleno desenvolvimento, ainda que sofrendo pela precariedade de infraestrutura, mas com uma população de baixa renda enorme. Ou seja, sobra mão de obra barata!

    E justamente por estar em pleno desenvolvimento, por atrair tantos estrangeiros do mundo todo, Assunção tem se tornado uma cidade cada dia mais cara. Tudo bem, o custo da alimentação e da educação ainda são um pouco mais baratos se comparados à São Paulo, e serviços em geral também como já mencionei, mas no entanto o mercado imobiliário está SUPER inflacionado. Em Assunção, paga-se uma média de U$2.000,00 (dólares americanos) por um mês de aluguel de uma casa ou apartamento de 3 dormitórios. No inicio do ano um estudante brasileiro que veio cursar medicina aqui me disse que estava pagando 500,00 reais por um quarto, num bairro super afastado e perigoso. Claro que nesse caso ele além de tudo estava sendo explorado. Afinal corrupção e levar vantagens sobre gringos não é coisa só de brasileiro, né!

    Por fim, pense duas vezes antes de colocar sua mochila nas costas e cair de paraquedas no Paraguai. Mas essa é só minha humilde opinião, dicas com base meramente na minha curta experiência por aqui!


    quinta-feira, 28 de maio de 2015

    E por que não?!

    O que descobri sobre Assunção após uma rápida pesquisa na web:

    • Não é nada do que eu imaginava.
    • Existe pouca informação on line sobre a vida em Assunção.
    • A cidade pode ser comparada em tamanho e qualidade de vida com a cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista.
    • Assunção está situada nas margens do rio Paraguai, na fronteira com a Argentina, no extremo oeste do país, completamente oposta à Ciudad del Este, que está na fronteira leste, divisa com o Brasil. (Acreditem, eu não sabia nem mesmo sua posição geográfica)
    • A agricultura e pecuária para exportação é o motor da economia do país, e grande parte dos agropecuaristas que aqui investem são brasileiros.
    • Além do idioma castelhano, os paraguaios falam também a língua guarani. 
    • Há muitos colégios particulares em Assunção, quase todos bilíngues (inglês/espanhol + guarani)  ou trilíngues (inglês/espanhol + guarani/ outro idioma). E as escolas publicas são consideradas bilíngues (espanhol/ guarani).
    • Os paraguaios adoram "terere", um tipo de chimarrão só que gelado.
    • Os paraguaios também tem em sua culinária um pão feito com polviho, como o nosso pão de queijo, que se chama "chipa" e que leva erva-doce na massa.
    • A maioria dos paraguaios são católicos praticantes.
    • A moeda é o Guarani, mas o dólar americano também é muito usado. Um mil guaranis no momento equivale a aproximadamente 50 centavos de reais.

    Alguns Links Uteis:

    https://www.youtube.com/watch?v=JuvRoiXTEmQ

    https://www.youtube.com/watch?v=JuvRoiXTEmQ

    http://mamiemais.com/2014/04/30/coluna-da-cari-vivendo-em-assuncion-paraguai/

    http://www.exteriores.gob.es/Embajadas/ASUNCION/es/VivirEn/Paginas/EducacionSanidad.aspx





    terça-feira, 26 de maio de 2015

    Preconceito...

    Assunção, Paraguai
    Meu pai era comerciante e viajou muitas vezes até Ciudad del Est, no Paraguai, em busca de mercadorias. Certa vez, minha irmã e eu fomos com ele. Na época eu deveria ter 11 - 12 anos. A lembrança que tenho é de um lugar feio, muito sujo e mal cheiroso, cheio de gente apressada, de lojas entulhadas de perfumes, eletrônicos e badulaques. Até pouco tempo atrás, esta era a imagem que eu tinha "do Paraguai". Um lugar para "sacoleiros", para comprar importados baratos, quase sempre falsificado. Um lugar com pouca segurança e muita corrupção. Um pré-conceito carregado de preconceito.

    Meu marido e eu iniciamos nossas vidas profissionais e conjugal em São Paulo. Ele, um executivo que nunca gostou da vida na capital, mas profissionalmente se via preso a ela. Eu, profissional da área da saúde, que gostava e convivia muito bem com as mazelas da cidade grande, até que vieram os filhos. São Paulo definitivamente é um péssimo local para se criar uma criança. A insegurança, a poluição, os congestionamentos, a falta de tempo e o estresse não só do dia a dia, mas principalmente os que surgiam em nossos momentos de lazer, como a dificuldade de achar vagas para estacionar o carro para levar as crianças aos parques, shoppings ou teatros, pouco a pouco foram se refletindo em nosso bem estar físico e emocional. Já considerávamos nos mudar para os arredores de São Paulo, o que resolveria apenas parcialmente nossos problemas, quando surgiu uma oportunidade de trabalho para meu marido em Assunção, Paraguai.

    Quando ele chegou em casa dizendo que havia surgido uma oportunidade para trabalhar fora do país meu coração se alegrou, mas então ele completou a frase dizendo que a vaga era em Assunção, no Paraguai. Em segundos, uma avalanche de decepção passou por cima de mim, arrastando todos os meu sonhos e deixando exposto nada além de meus preconceituosos pré-conceitos.

    "Assunção?!!! Não...não..."

    Rechacei a ideia, sem dar se quer espaço para que meu marido apresentasse sua opinião sobre o assunto.

    Eu não me considero uma aventureira, longe disso, mas felizmente já tive oportunidade de conhecer e viver em outros países, de estar em contato com novas culturas e me surpreender com este nosso vasto mundo. E talvez esse tenha sido o motivo pelo qual eu tenha perdido o sono naquela madrugada. A minha curiosidade, o meu interesse em conhecer o mundo foi muito maior que o meu preconceito e eu me vi sentada em frente ao meu laptop pesquisando sobre essa tal Assunção.